domingo, 5 de outubro de 2014

Tristeza
Soubesses tu o peso que tens,
Enterravas-te fundo na terra
Cobrias o que nos faz cair,
Andar de pé,
Pegados ao chão,
E deixavas-nos levitar,
Sem gravidades,
Nem choros,
Nem remorsos,
Ser felizes.
Só risos,
Só amor
Ondeando.
Onde ando
Não o encontro.
Onde andas,
Felicidade?

terça-feira, 30 de setembro de 2014

(tão complicado quanto) Amor.

   Para lá do amor era a expressão e há amores que não cabem num amo-te. E amo-te tão cegamente que posso jurar que vejo o amor que por ti sinto cada vez que sorris. E cada vez que sorris, procuro para lá do amor a expressão e não há amo-te no mundo onde caiba o amor que sinto por ti. Amor é um eufemismo. Quem inventou a palavra amor estava tão cegamente apaixonado que achou que cabia numa palavra o mundo inteiro de cada pessoa de todo o mundo. Enganou-se. Nesta palavra não cabe, pelo menos, o amor que sinto por ti.
   Trago-o todo comigo no meu corpo e angustiada caminho por pensar que só vive em mim tamanho amor. O que restará dele, se nada de mim restar?
   Carrego-te no peito onde quer que vá, estiveste sempre onde eu estive. Estiveste onde foste e foste onde eu estive. Mais do que isso, só futuro e sonho-te em cada canto onde estarei.
   E onde quer que fui, procurei uma maneira de expressar tanto amor e onde quer que estive, falhei. Há tanto amor que não cabe num amo-te! Mas para lá da expressão é o amor e todo ele cabe no meu peito.
   Amo-te.

sábado, 27 de setembro de 2014

O Infinitésimo

   Saudades do que podia ter sido e não é, talvez seja isso que define tempos como este que vivo. Desaprendi um mundo inteiro quando te vi pela primeira vez, quebrei acordos e tratados que tinha entre as terras que em mim encontraram o seu lugar, até que veio a primeira batalha. Hoje há guerra e eu tenho saudades da paz que podia ter sido e não é.
 
   Infinitésimo, é o que se chama a um limite que tende para zero. Olhei para ti e vi a linha do horizonte, aquilo a que uns chamam o infinito. Separaste o mar do céu e soube bem perceber que afinal o mundo não é um borrão azul. Nessa linha do horizonte existe um ponto de fuga. Olhei para ti e vi-o. Desaprendi o mundo nesse momento, porque larguei tudo para fugir para o infinito que seriamos juntos. Foste um infinitésimo e eu tenho tantas saudades do infinito que podíamos ter sido e não somos.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Manos

   Estava a olhar para fotografias vossas e a pensar o quanto preciso de vos dizer isto. Há tanto tempo que ando à procura da forma perfeita para o fazer, tantos textos que escrevi para vocês e são raros aqueles que leram.
   Penso em vocês e penso em infinidade. Podia ficar aqui um tempo eterno e nunca conseguiria dizer-vos a verdade. Porque infinidade é coisa que não se diz. Não consigo traduzir amor infinito em palavras, nem em gestos, nem em nada. Guardo-a para mim, porque por mais que tente mostrá-la, a infinidade volta a crescer cá dentro. Falo em infinidade e falo em vocês. O meu amor para sempre infinito.
   No outro dia perguntaram ao Filipe desde quando é que me conhecia. O mano disse que desde sempre, desde que tinha nascido. Que me viu pela primeira vez no dia em que cheguei da maternidade. Sabem, inevitavelmente sorri com orgulho. Porque eu sou uma pessoa tão mais feliz por vos ter, por vos conhecer, por me terem ensinado tantas das coisas que sei. Falo de vocês a toda a hora e cada vez que falo, sorrio. Porque tenho orgulho nas pessoas em que se tornaram, nas pessoas que fui vendo crescer, apesar de já vos ter conhecido (mais ou menos) crescidos. Tenho orgulho nos maridos e nos pais fantásticos que vocês são e, sobretudo, nos amigos que são uns para os outros. E passo os dias da minha vida a pensar que quero ter amigos como vocês, porque eu nunca vi igual. Neste momento estou, mais uma vez, a sorrir de orgulho.
   Não sei a que é que isto soa, mas estou a dar o meu melhor para vos explicar este amor. Eu olho para mim e vejo um bocado de vocês. Escrevo e escrevo sempre um bocado de vocês. Porque vocês são uma parte de mim, ao fazerem parte da minha vida e do meu amor.
   Olho para trás e sinto nostalgia, são tempos místicos para mim, uma espécie de sonho. E apesar de não os ter vivido muito, sinto saudades deles... Estavam tão perto de mim, vocês! Mas olho para o presente e fico feliz por saber que está tudo a correr bem, tão bem!
   Sempre pensei em vocês como a minha protecção contra o mundo, contra os males que possam magoar-me, sejam eles físicos ou psicológicos. Sinto-me sempre segura quando estou convosco, não tenho medo de nada: sei, sei mesmo, que se houvesse alguma coisa que pudessem fazer para evitar que ficasse magoada,  não hesitavam em fazê-la.
  Tenho tanta coisa para vos dizer, mas tudo o que escrevo aqui tem, na realidade, dimensões que não podem ser escritas. Talvez um dia percebam.
   Chegou a hora: adoro-vos. Incondicionalmente. Infinitamente. Eternamente. Gostava tanto que dizer isto chegasse para vos contar todo o amor que sinto por vocês, manos.
   Vocês, todos vocês, são os meus manos preferidos.

   A vossa mana mais querida,
   Daniela

domingo, 22 de junho de 2014

Tranças

Canta-me ao ouvido uma canção de amor e passa-me a mão pelos cabelos, eu deixo. Desfaz-me o penteado, desfaz-me a trança que me enlaça em tristeza, desafoga-me da mágoa onde por ti parei de nadar.
Hoje chove aqui no jardim e em cada gota de chuva duas lágrimas de distância. Já devia ser verão, mas não sei onde estás... podes voltar, é um convite.
Arranca-me deste sítio onde tudo parece gritar por ti, desfaz-me da dor de não te ter, tal como me desfizeste da pele de quem era quando entraste no meu horizonte.
Agarra-me a mão nas estradas desconhecidas, conduz-me no escuro das noites e adormece-me em cafunés enquanto choro o teu peito.
Abraça-me os ombros nos caminhos sabidos, encontra-me na luz do dia e encosta a tua cara enquanto rio as profundezas da minha alma.
Planta-me as sementes, oferece-me as flores, recolhe-me os frutos e envolve-me no outono quando soluçar as folhas caídas.
Tira-me o frio de inverno e apaga a chuva... estamos em junho, já devia ser verão neste jardim.
Desfaz-me. Recompõe-me.
Entrança-me.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Luana, minha mana

A minha irmã afasta-me cada vez que lhe dou beijinhos.
Nem sequer gosta muito dos meus abraços.
Cada vez que me vê a comer uma coisa com muito bom aspeto, a minha irmã diz-me ''dá-me só um bocadinho para ver se me apetece'', não importa quanto trabalho tive a fazê-la.
Adora mandar-me ir buscar coisas.
Sempre foi a tia preferida de TODAS as sobrinhas... é desesperante.
Cada vez que argumento com alguma coisa que ela não quer admitir e sabe que é verdade, diz ''dá-me exemplos''... é igualmente desesperante, principalmente porque nunca consigo lembrar-me de nenhum.
Nunca me deixava usar a roupa dela e agora anda sempre a cheirar o meu armário.
Diz que não gosta, mas a minha irmã não para de mexer!
Não aguenta ver-me dormir no carro de boca aberta sem me fazer tropelias e ainda usa as fotos como chantagem!
Tem uma mania extremamente irritante de entrar a meio das conversas e perguntar ''o quê? o quê?''.
Quando vou conversar com ela antes de me ir deitar, chega sempre o momento em que ela me manda embora... assim, sem piedade.
E tem uma tendência gigante para não me ligar nenhuma nos momentos de extrema felicidade, como quando entrou para a faculdade (toma, encontrei um exemplo!).
Eu choro pouco, mas quando choro, a minha maninha acha sempre que choro sem razão.
Por mais que não lhe conte nada, ela sabe SEMPRE quando estou apaixonada... e por quem!!
Chateia-me quando pinto as unhas ou me maquilho, só porque acha que não tenho idade.
Conhece-me da cabeça aos pés e acha que é minha mãe. Às vezes é.
Fiz uma lista dos defeitos dela para ver se ficava com menos saudades. Sim, já as tenho... Não, não resultou!
Adoro-a mil triliões vezes infinito.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Clichés

«É um cliché do caralho, mas é verdade».
É o problema dos clichés, a maior parte são verdade. E, temendo a verdade, sedentos de ilusão, fugimos a sete pés do lugar-comum e ficamos claustrofóbicos no caminho porque toda a gente experimenta a fuga. É um cliché... e é verdade.
O pior é que nos embebedamos em clichés sem saber, escondendo a cara na ilusão, e quando damos por nós estamos tontos de verdade. Estamos tontos de amor, porque não há cliché que não seja de amor. Bem lá no fundo fundinho, tudo é amor, sabemo-lo bem.
Verdade safada.
Puta de cliché!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Farzana Parveen

Num mundo que não parece ser o nosso, há sofredoras de garra que, por muito que lho arranquem do peito, ainda escolhem o amor.
Mulheres que ou constroem um coração de pedra e vivem uma vida com quem não amam, ou levam com uma pedra no coração.
Ou aniquilam a sua felicidade ou são aniquiladas.
Se escolhem, são escolhidas... para morrer.
De milhões de casos, revelou-se um. De biliões de pessoas, quantas se revoltam?
Para todas as mulheres que escolheram o amor.
Para todas as mulheres que escolheram a liberdade.
Todas as que sobreviveram. E as que não.
Todas persistem.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Riscos

A sede inegável de um papel branco, deixa-me escrever.
A sede insaciável de uma memória, deixa-me prever.
A fome inesgotável de amor, deixa-me saciar.
Só por um dia. Deixa-me desenhar as linhas e escreves tu por cima. Vem, o cliché de um romance. Escolhes tu o final, prometo. Vamos fazer uma história.
Confunde-te em mim.
Desenha em mim pontos, marca em mim linhas. Escreve-me.
Pinta-me.
Reduz-me ao indelével de uma tinta, tatua-me.
Todos queremos um início, leva-me só meio caminho.

domingo, 11 de maio de 2014

Cansaço

Hoje vou fechar os olhos e as lágrimas cair-me-ão,
rasgando-me o peito e furando o chão.
Estou farta de porquês,
Se chorar hoje é por toda a vez
Em que engoli nós
Que me dobravam em três.
Fui forte,
Colecionei todos os meus pedaços
Deitei-me em todos os regaços
Sorri a todos os cascos
Que para longe partiram.
A morte,
É o destino que miram
Mas não importa a chegada
Importa o caminho.
Não quero questões
Dispo as discussões
Que no mesmo sítio me deixaram.
Hoje fecho os olhos,
Choro o que me dói
O amanhã tem cor de vinho
Mas para a frente é o caminho
Com ou sem destino.
Que importa?

sábado, 5 de abril de 2014

Sustos

Há tantos sustos na vida.
A sombra no corredor.
A travagem repentina.
O descontrolo de estar apaixonado.
O bebé que caiu.
Um estrondo.
Há tantos sustos na vida....
Porque é que o futuro tinha de ser um deles?

sábado, 15 de março de 2014

Amor em estados

Enquanto o vidro da minha janela reflete a luz do sol, eu sei-me a terra.
E diante de mim migram pássaros, diante de mim migram amores... faz tanto tempo que se foi.
O meu amor em estado físico.
Olho o mar e pergunto-me onde estarás no meio da imensidão e sei-te presente. Sempre tão grande demais para mim. Sempre arrebatadoramente gigante para mim.
Olho a terra e pergunto-me onde estarás no meio da pequenez e sei-te ausente. Sempre tão exaustivamente longe de mim. Sempre tão inalcansavelmente infinito em mim.
E diante de mim mudam árvores, diante de mim mudam pessoas... faz tão pouco tempo que ficou.
O meu amor em estado de espírito.
Enquanto o vidro da minha janela reflete o brilho da lua, eu sei-me a mar te.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Mais um cocó no passeio

Praxes

Olá, pessoas (a ler com a voz do Bruno Nogueira quando ironicamente nos cumprimenta no Tubo de Ensaio).
Como boa portuguesa não podia deixar de criticar os outros e fazer exactamente o mesmo, por isso, vim cá cagar a minha sentença... ah, não é isso que andamos todos a fazer? Achei que mais um cocó no passeio não faria mal a ninguém.
Estou seriamente irritada com o jornalismo português, que explora os assuntos até andarmos todos a vomitar a mesma notícia... a sério, já chega.
Aposto que já adivinharam!
Vamos lá falar só mais um bocadinho sobre praxes e a tragédia do Meco.
Não vou especular sobre a causa do acidente... porque eu, tal como provavelmente todas as pessoas neste mundo a não ser o João Gouveia, não sei o que é que aconteceu... também não vou divagar, pelas mesmas razões, sobre a culpa ou inocência do rapaz que viu partir sete amigos.
Mas uma coisa a mim parece-me óbvia: já o Descartes provou que somos seres pensantes e mesmo que as praxes tenham rituais que possam ser a causa desta tragédia, esta podia perfeitamente ser evitada.
Falo do alto da minha vida não universitária e da experiência alheia, claro, mas a mim parece-me que a praxe seja como tudo na vida: há limites. E não há necessidade de julgar a praxe em si, mas sim as pessoas desprovidas de inteligência que, por vezes, praxam. E se estas pessoas desprovidas de inteligência chegam a "cargos de chefia", a culpa não é da praxe, mas sim desta sociedade que abençoa a estupidez.
Não concordo com as coisas menos limpas (física e psicologicamente) que por lá se fazem, mas não nego que há outras tantas coisas que podem ser divertidas e muito úteis, tal como conhecer as pessoas que podem marcar a nossa vida académica do início ao fim. A suposta ligação entre padrinhos/madrinhas e afilhados e a passagem de conhecimento que daí provém é das coisas que faz mais sentido na minha cabeça num capítulo da vida que assusta todos os jovens. A facilidade com que todas as pessoas do curso se podem relacionar é um alívio nesta sociedade em que as idades impõem barreiras difíceis de superar.
Há praxes bem feitas e há praxes mal feitas. Praxar é bom, tal como cozinhar é bom, desde que não se pegue fogo à cozinha porque se decide não usar o cérebro e deixar uma coisa ao lume tempo a mais.
Acho bem que se investigue o caso do Meco, aliás, é impensável que não o façam, tendo em conta o sofrimento das famílias envolvidas. É impensável, também, culpar a praxe. Culpem quem praxa, mas não a praxe. Culpem hábitos, mas não a praxe. Porque daqui a dois anos eu quero chegar à faculdade e ter a felicidade de conhecer pessoas boas (e provavelmente más também, claro), saber distinguir bons hábitos de maus hábitos e dar umas boas gargalhadas. Quero ter a oportunidade de ajudar da mesma maneira que for ajudada.
Por isso, mais uma vez, digo: há maneira de se fazer justiça sem culpar a praxe, mas sim os maus hábitos. E, ainda mais importante, caso a culpa seja realmente dos maus hábitos, há maneira de se fazer justiça melhorando a praxe, se melhorarmos quem praxa.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Mana Joana

Olá mana,

Desculpa só dizer todas as coisas que vou dizer agora.
Quero escrever-te isto enquanto ainda tenho o teu perfume presente no meu nariz. Podia ter-te dito pessoalmente, já que acabei de sair de ao pé de ti, mas tenho um nó tão grande na garganta, que se tornou impossível.
Um dos meus maiores medos era que isto acontecesse. Não exactamente isto, mas todas as consequências que daqui podem sair. Desde que ganhei noção de que as pessoas se afastam, me perguntei como é que iríamos ser quando fossemos todos grandes. A minha relação e da mana Lu contigo e com o mano Pedro. Continuaria igual? Mais forte, talvez? Estas eram as esperanças. Iríamos chegar a um ponto em que perderíamos contacto? Em que pensaria menos vezes do que diria "sabem, a mãe tinha uns grandes amigos quando era pequena, o tio Pedro e a tia Joana, eram a minha segunda família. Mas a vida é assim, cada um seguiu para seu lado"? Este era o terror.
Tenho visto as coisas pela positiva: já viste o tamanho do universo? O que é que é a distância daqui ao Dubai? Já viste o meu amor por ti? O que é que é a distância daqui ao Dubai?
Tantas maneiras de falarmos e de nos vermos... Não há-de ser assim tão complicado.
Mas depois tenho medo por ti, porque imagino o que vai nesse teu coraçãozinho! E estás a aguentar-te tão bem, tão forte, mana! E quero relembrar-te que não deixas nada para trás, cada coisinha que aqui fica, levas tudo no coração (até mesmo aquela camisola que não coube na mala)... e há um mundo tão grande à tua frente, tantas memórias para criares!
Não vou ficar aqui a contar momentos, foram tantos. Todos especiais, a sério, mesmo que não se repare na altura. São quase 17 anos, maninha... já estás a sentir-te velha? E mesmo que ultimamente tenhamos andado mais distantes do que suposto, apesar de termos apenas um lance de escadas e uma agenda atarefada e preguiçosa a separar-nos, era saber que estávamos ali que nos consolava e nos deixava com o rabo colado no sofá.
Estou com o coração de irmã apertado e só de pensar como estará o teu, o meu bate um bocadinho mais fraco. Mas sabes, isto passa. E vais gostar tanto daquilo, que isto ainda passa mais rápido... às duas!
Mas também já sabes, se não gostares, o mano vai-te buscar!!
E só queria que percebesses que podia ficar aqui uma eternidade a falar sobre o meu amor por ti e isso não chegava. Aliás, as pessoas até têm uma certa dificuldade em perceber esta nossa relação, mas nós entendemos. És minha mana e eu ADORO-TE TANTO que rebento (lembrei-me agora de uma piada que só te posso dizer depois, imagino que saibas do que falo).
Só te quero feliz e sei que vais ser, tenho um feeling. Desejo-te toda a sorte e essas mariquices todas. Desculpa lá qualquer coisinha e obrigada por tudo tudo tudo. Depois vou lá visitar-te!
"Boa viagem e muito bem!"
ADORO-TE ADORO-TE ADORO-TE ADORO-TE ADORO-TE.

Mana mais nova















MANAAAA, NÃO TE ESQUEÇAS DE VOLTAR.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O Artista

As manhãs espelhavam-se incertas e em cada reflexo um desespero.
Vivia-se estupidamente naquela casa, começando pelo facto de viver nunca ser estúpido.
As inspirações surgiam-lhe em horas cegas, trazendo artes inconcebíveis. Frustrações.
Raio do artista, só pensa quando não deve.
Tropeçava a cada degrau que subia e culpava o destino. Não sabia ele que eram as suas pernas gastas? Não sabia ele que os deuses não existiam e os fados ouviam-se só nas casas de Portugal?
Artista sabe tudo, só gostava de não saber.
Dizia ele que melhor era a utopia, escondendo-se em cada sonho, evitando a realidade como um louco. São era ele, o único. São era ele, que conhecia os dois mundos e preferiu a fantasia.
Artista esconde um pensamento no chapéu e um lápis no bolso, para desenhar só mais uma nuvem sobre a própria cabeça. A arte não sai da felicidade.
As madrugadas reflectiam-se incertas e em cada espelho um desespero.
Raio do artista, só ama quem não deve.