terça-feira, 30 de setembro de 2014

(tão complicado quanto) Amor.

   Para lá do amor era a expressão e há amores que não cabem num amo-te. E amo-te tão cegamente que posso jurar que vejo o amor que por ti sinto cada vez que sorris. E cada vez que sorris, procuro para lá do amor a expressão e não há amo-te no mundo onde caiba o amor que sinto por ti. Amor é um eufemismo. Quem inventou a palavra amor estava tão cegamente apaixonado que achou que cabia numa palavra o mundo inteiro de cada pessoa de todo o mundo. Enganou-se. Nesta palavra não cabe, pelo menos, o amor que sinto por ti.
   Trago-o todo comigo no meu corpo e angustiada caminho por pensar que só vive em mim tamanho amor. O que restará dele, se nada de mim restar?
   Carrego-te no peito onde quer que vá, estiveste sempre onde eu estive. Estiveste onde foste e foste onde eu estive. Mais do que isso, só futuro e sonho-te em cada canto onde estarei.
   E onde quer que fui, procurei uma maneira de expressar tanto amor e onde quer que estive, falhei. Há tanto amor que não cabe num amo-te! Mas para lá da expressão é o amor e todo ele cabe no meu peito.
   Amo-te.

sábado, 27 de setembro de 2014

O Infinitésimo

   Saudades do que podia ter sido e não é, talvez seja isso que define tempos como este que vivo. Desaprendi um mundo inteiro quando te vi pela primeira vez, quebrei acordos e tratados que tinha entre as terras que em mim encontraram o seu lugar, até que veio a primeira batalha. Hoje há guerra e eu tenho saudades da paz que podia ter sido e não é.
 
   Infinitésimo, é o que se chama a um limite que tende para zero. Olhei para ti e vi a linha do horizonte, aquilo a que uns chamam o infinito. Separaste o mar do céu e soube bem perceber que afinal o mundo não é um borrão azul. Nessa linha do horizonte existe um ponto de fuga. Olhei para ti e vi-o. Desaprendi o mundo nesse momento, porque larguei tudo para fugir para o infinito que seriamos juntos. Foste um infinitésimo e eu tenho tantas saudades do infinito que podíamos ter sido e não somos.