domingo, 8 de dezembro de 2013

Sociedade vertiginosa

As vertigens desta sociedade matam-me. Quando eu subo grandes alturas, sei que a náusea que sinto não é minha.
Este não subir com medo da queda mata-me. Esta não felicidade com medo da tristeza destrói-me.
Este mundo não luta com medo de perder. E gritam aos que escalam montanhas: 'Quanto mais alto, maior é a queda'.
Prefiro morrer feliz, nem que a minha felicidade tenha durado dez segundos, do que morrer triste, morrer apática, morrer me(r)drosa.
Prefiro morrer na batalha, do que ouvir os tristes inválidos gozarem da coragem dos outros.
Prefiro escalar a montanha, viver no cume.
Cair a meio.
Cair à chegada.
Voltar a subir.
Morrer de vez. Tentado.
Porque se algum dia não lutar, matem-me vocês então, que eu não sou pessoa de ser infeliz esperando.
E à medida que cresço junto dos que escalam tudo o que é alto e sobrevivem caindo e levantado-se, aprendo que só sinto a vertigem alheia se eu própria mo permitir. E a sociedade vertiginosa dá-me raiva suficiente para escalar com fé, cravar os pés na terra e a lança nas barreiras que a minha inimiga criou na mente dos que contra mim lutam, libertando-os.
Escalo na esperança de que esta sociedade vertiginosa um dia arrume o preconceito e suba ao esplendor da altura, sem sequer pensar na queda.