sábado, 1 de fevereiro de 2014

Mais um cocó no passeio

Praxes

Olá, pessoas (a ler com a voz do Bruno Nogueira quando ironicamente nos cumprimenta no Tubo de Ensaio).
Como boa portuguesa não podia deixar de criticar os outros e fazer exactamente o mesmo, por isso, vim cá cagar a minha sentença... ah, não é isso que andamos todos a fazer? Achei que mais um cocó no passeio não faria mal a ninguém.
Estou seriamente irritada com o jornalismo português, que explora os assuntos até andarmos todos a vomitar a mesma notícia... a sério, já chega.
Aposto que já adivinharam!
Vamos lá falar só mais um bocadinho sobre praxes e a tragédia do Meco.
Não vou especular sobre a causa do acidente... porque eu, tal como provavelmente todas as pessoas neste mundo a não ser o João Gouveia, não sei o que é que aconteceu... também não vou divagar, pelas mesmas razões, sobre a culpa ou inocência do rapaz que viu partir sete amigos.
Mas uma coisa a mim parece-me óbvia: já o Descartes provou que somos seres pensantes e mesmo que as praxes tenham rituais que possam ser a causa desta tragédia, esta podia perfeitamente ser evitada.
Falo do alto da minha vida não universitária e da experiência alheia, claro, mas a mim parece-me que a praxe seja como tudo na vida: há limites. E não há necessidade de julgar a praxe em si, mas sim as pessoas desprovidas de inteligência que, por vezes, praxam. E se estas pessoas desprovidas de inteligência chegam a "cargos de chefia", a culpa não é da praxe, mas sim desta sociedade que abençoa a estupidez.
Não concordo com as coisas menos limpas (física e psicologicamente) que por lá se fazem, mas não nego que há outras tantas coisas que podem ser divertidas e muito úteis, tal como conhecer as pessoas que podem marcar a nossa vida académica do início ao fim. A suposta ligação entre padrinhos/madrinhas e afilhados e a passagem de conhecimento que daí provém é das coisas que faz mais sentido na minha cabeça num capítulo da vida que assusta todos os jovens. A facilidade com que todas as pessoas do curso se podem relacionar é um alívio nesta sociedade em que as idades impõem barreiras difíceis de superar.
Há praxes bem feitas e há praxes mal feitas. Praxar é bom, tal como cozinhar é bom, desde que não se pegue fogo à cozinha porque se decide não usar o cérebro e deixar uma coisa ao lume tempo a mais.
Acho bem que se investigue o caso do Meco, aliás, é impensável que não o façam, tendo em conta o sofrimento das famílias envolvidas. É impensável, também, culpar a praxe. Culpem quem praxa, mas não a praxe. Culpem hábitos, mas não a praxe. Porque daqui a dois anos eu quero chegar à faculdade e ter a felicidade de conhecer pessoas boas (e provavelmente más também, claro), saber distinguir bons hábitos de maus hábitos e dar umas boas gargalhadas. Quero ter a oportunidade de ajudar da mesma maneira que for ajudada.
Por isso, mais uma vez, digo: há maneira de se fazer justiça sem culpar a praxe, mas sim os maus hábitos. E, ainda mais importante, caso a culpa seja realmente dos maus hábitos, há maneira de se fazer justiça melhorando a praxe, se melhorarmos quem praxa.