domingo, 22 de junho de 2014

Tranças

Canta-me ao ouvido uma canção de amor e passa-me a mão pelos cabelos, eu deixo. Desfaz-me o penteado, desfaz-me a trança que me enlaça em tristeza, desafoga-me da mágoa onde por ti parei de nadar.
Hoje chove aqui no jardim e em cada gota de chuva duas lágrimas de distância. Já devia ser verão, mas não sei onde estás... podes voltar, é um convite.
Arranca-me deste sítio onde tudo parece gritar por ti, desfaz-me da dor de não te ter, tal como me desfizeste da pele de quem era quando entraste no meu horizonte.
Agarra-me a mão nas estradas desconhecidas, conduz-me no escuro das noites e adormece-me em cafunés enquanto choro o teu peito.
Abraça-me os ombros nos caminhos sabidos, encontra-me na luz do dia e encosta a tua cara enquanto rio as profundezas da minha alma.
Planta-me as sementes, oferece-me as flores, recolhe-me os frutos e envolve-me no outono quando soluçar as folhas caídas.
Tira-me o frio de inverno e apaga a chuva... estamos em junho, já devia ser verão neste jardim.
Desfaz-me. Recompõe-me.
Entrança-me.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Luana, minha mana

A minha irmã afasta-me cada vez que lhe dou beijinhos.
Nem sequer gosta muito dos meus abraços.
Cada vez que me vê a comer uma coisa com muito bom aspeto, a minha irmã diz-me ''dá-me só um bocadinho para ver se me apetece'', não importa quanto trabalho tive a fazê-la.
Adora mandar-me ir buscar coisas.
Sempre foi a tia preferida de TODAS as sobrinhas... é desesperante.
Cada vez que argumento com alguma coisa que ela não quer admitir e sabe que é verdade, diz ''dá-me exemplos''... é igualmente desesperante, principalmente porque nunca consigo lembrar-me de nenhum.
Nunca me deixava usar a roupa dela e agora anda sempre a cheirar o meu armário.
Diz que não gosta, mas a minha irmã não para de mexer!
Não aguenta ver-me dormir no carro de boca aberta sem me fazer tropelias e ainda usa as fotos como chantagem!
Tem uma mania extremamente irritante de entrar a meio das conversas e perguntar ''o quê? o quê?''.
Quando vou conversar com ela antes de me ir deitar, chega sempre o momento em que ela me manda embora... assim, sem piedade.
E tem uma tendência gigante para não me ligar nenhuma nos momentos de extrema felicidade, como quando entrou para a faculdade (toma, encontrei um exemplo!).
Eu choro pouco, mas quando choro, a minha maninha acha sempre que choro sem razão.
Por mais que não lhe conte nada, ela sabe SEMPRE quando estou apaixonada... e por quem!!
Chateia-me quando pinto as unhas ou me maquilho, só porque acha que não tenho idade.
Conhece-me da cabeça aos pés e acha que é minha mãe. Às vezes é.
Fiz uma lista dos defeitos dela para ver se ficava com menos saudades. Sim, já as tenho... Não, não resultou!
Adoro-a mil triliões vezes infinito.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Clichés

«É um cliché do caralho, mas é verdade».
É o problema dos clichés, a maior parte são verdade. E, temendo a verdade, sedentos de ilusão, fugimos a sete pés do lugar-comum e ficamos claustrofóbicos no caminho porque toda a gente experimenta a fuga. É um cliché... e é verdade.
O pior é que nos embebedamos em clichés sem saber, escondendo a cara na ilusão, e quando damos por nós estamos tontos de verdade. Estamos tontos de amor, porque não há cliché que não seja de amor. Bem lá no fundo fundinho, tudo é amor, sabemo-lo bem.
Verdade safada.
Puta de cliché!