quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Mana Joana

Olá mana,

Desculpa só dizer todas as coisas que vou dizer agora.
Quero escrever-te isto enquanto ainda tenho o teu perfume presente no meu nariz. Podia ter-te dito pessoalmente, já que acabei de sair de ao pé de ti, mas tenho um nó tão grande na garganta, que se tornou impossível.
Um dos meus maiores medos era que isto acontecesse. Não exactamente isto, mas todas as consequências que daqui podem sair. Desde que ganhei noção de que as pessoas se afastam, me perguntei como é que iríamos ser quando fossemos todos grandes. A minha relação e da mana Lu contigo e com o mano Pedro. Continuaria igual? Mais forte, talvez? Estas eram as esperanças. Iríamos chegar a um ponto em que perderíamos contacto? Em que pensaria menos vezes do que diria "sabem, a mãe tinha uns grandes amigos quando era pequena, o tio Pedro e a tia Joana, eram a minha segunda família. Mas a vida é assim, cada um seguiu para seu lado"? Este era o terror.
Tenho visto as coisas pela positiva: já viste o tamanho do universo? O que é que é a distância daqui ao Dubai? Já viste o meu amor por ti? O que é que é a distância daqui ao Dubai?
Tantas maneiras de falarmos e de nos vermos... Não há-de ser assim tão complicado.
Mas depois tenho medo por ti, porque imagino o que vai nesse teu coraçãozinho! E estás a aguentar-te tão bem, tão forte, mana! E quero relembrar-te que não deixas nada para trás, cada coisinha que aqui fica, levas tudo no coração (até mesmo aquela camisola que não coube na mala)... e há um mundo tão grande à tua frente, tantas memórias para criares!
Não vou ficar aqui a contar momentos, foram tantos. Todos especiais, a sério, mesmo que não se repare na altura. São quase 17 anos, maninha... já estás a sentir-te velha? E mesmo que ultimamente tenhamos andado mais distantes do que suposto, apesar de termos apenas um lance de escadas e uma agenda atarefada e preguiçosa a separar-nos, era saber que estávamos ali que nos consolava e nos deixava com o rabo colado no sofá.
Estou com o coração de irmã apertado e só de pensar como estará o teu, o meu bate um bocadinho mais fraco. Mas sabes, isto passa. E vais gostar tanto daquilo, que isto ainda passa mais rápido... às duas!
Mas também já sabes, se não gostares, o mano vai-te buscar!!
E só queria que percebesses que podia ficar aqui uma eternidade a falar sobre o meu amor por ti e isso não chegava. Aliás, as pessoas até têm uma certa dificuldade em perceber esta nossa relação, mas nós entendemos. És minha mana e eu ADORO-TE TANTO que rebento (lembrei-me agora de uma piada que só te posso dizer depois, imagino que saibas do que falo).
Só te quero feliz e sei que vais ser, tenho um feeling. Desejo-te toda a sorte e essas mariquices todas. Desculpa lá qualquer coisinha e obrigada por tudo tudo tudo. Depois vou lá visitar-te!
"Boa viagem e muito bem!"
ADORO-TE ADORO-TE ADORO-TE ADORO-TE ADORO-TE.

Mana mais nova















MANAAAA, NÃO TE ESQUEÇAS DE VOLTAR.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O Artista

As manhãs espelhavam-se incertas e em cada reflexo um desespero.
Vivia-se estupidamente naquela casa, começando pelo facto de viver nunca ser estúpido.
As inspirações surgiam-lhe em horas cegas, trazendo artes inconcebíveis. Frustrações.
Raio do artista, só pensa quando não deve.
Tropeçava a cada degrau que subia e culpava o destino. Não sabia ele que eram as suas pernas gastas? Não sabia ele que os deuses não existiam e os fados ouviam-se só nas casas de Portugal?
Artista sabe tudo, só gostava de não saber.
Dizia ele que melhor era a utopia, escondendo-se em cada sonho, evitando a realidade como um louco. São era ele, o único. São era ele, que conhecia os dois mundos e preferiu a fantasia.
Artista esconde um pensamento no chapéu e um lápis no bolso, para desenhar só mais uma nuvem sobre a própria cabeça. A arte não sai da felicidade.
As madrugadas reflectiam-se incertas e em cada espelho um desespero.
Raio do artista, só ama quem não deve.