quinta-feira, 29 de maio de 2014

Farzana Parveen

Num mundo que não parece ser o nosso, há sofredoras de garra que, por muito que lho arranquem do peito, ainda escolhem o amor.
Mulheres que ou constroem um coração de pedra e vivem uma vida com quem não amam, ou levam com uma pedra no coração.
Ou aniquilam a sua felicidade ou são aniquiladas.
Se escolhem, são escolhidas... para morrer.
De milhões de casos, revelou-se um. De biliões de pessoas, quantas se revoltam?
Para todas as mulheres que escolheram o amor.
Para todas as mulheres que escolheram a liberdade.
Todas as que sobreviveram. E as que não.
Todas persistem.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Riscos

A sede inegável de um papel branco, deixa-me escrever.
A sede insaciável de uma memória, deixa-me prever.
A fome inesgotável de amor, deixa-me saciar.
Só por um dia. Deixa-me desenhar as linhas e escreves tu por cima. Vem, o cliché de um romance. Escolhes tu o final, prometo. Vamos fazer uma história.
Confunde-te em mim.
Desenha em mim pontos, marca em mim linhas. Escreve-me.
Pinta-me.
Reduz-me ao indelével de uma tinta, tatua-me.
Todos queremos um início, leva-me só meio caminho.

domingo, 11 de maio de 2014

Cansaço

Hoje vou fechar os olhos e as lágrimas cair-me-ão,
rasgando-me o peito e furando o chão.
Estou farta de porquês,
Se chorar hoje é por toda a vez
Em que engoli nós
Que me dobravam em três.
Fui forte,
Colecionei todos os meus pedaços
Deitei-me em todos os regaços
Sorri a todos os cascos
Que para longe partiram.
A morte,
É o destino que miram
Mas não importa a chegada
Importa o caminho.
Não quero questões
Dispo as discussões
Que no mesmo sítio me deixaram.
Hoje fecho os olhos,
Choro o que me dói
O amanhã tem cor de vinho
Mas para a frente é o caminho
Com ou sem destino.
Que importa?