terça-feira, 6 de agosto de 2013

Hermanos

Passam um, dois, três, quatro anos e eu amo-os.
Passam mil, milhões, infinitas lágrimas e eu amo-os. Mares de saudades, mas eu sei que nos alimenta um oceano de amor.
A pergunta inevitável que resulta da distância tão constante é: porquê? A vida assume sempre as culpas e resta-me o silêncio.
Mas eu conheço-os. Passem os milénios que passarem, sei o toque macio das mãos deles nas minhas e o cheiro que não muda. Sei o calor dos abraços e a felicidade só de olhá-los, só de os sentir presentes.
E as surpresas, como arranjam sempre maneira de vir numa altura inesperada e de me pôr a chorar de alegria.
Desde que eles foram embora que a minha vida deixou de ser a mesma, os domingos viveram-se então monótonos, os individuais encheram apenas parcialmente a mesa, em vez da toalha que indicava que a casa estaria cheia. Mesmo com o esforço da minha mãe para que ao menos os petiscos fossem os mesmos, comer os seus pratos elaborados na quase-solidão dos quatro não era mesma coisa.
Desde que foram embora, e das poucas vezes que os meus irmãos voltaram numa breve visita, para partir de novo, eu chorei. E uma coisa é certa: seja a despedida por uma quantidade de anos indefinida ou por uns breves meses, eu chorarei sempre. Porque levam sempre o bocadinho tão grande de mim que neles carregam, deixando-me um vazio grande no sítio onde era suposto estar o meu coração e um nó na garganta.
O que me importa é que estejam felizes, mas às vezes é inevitável não implorar a quem quer que me ouça que a felicidade deles pudesse morar ao lado da minha.
Passaram agora um, dois, três anos desde a última vez e eu amo-os. E não haverá um dia na minha vida que isso mude.

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