segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Luaty Beirão

   A história repete-se.
   Não ciclicamente, mas a história repete-se.
   Talvez apenas simbolicamente, mas a história repete-se.
   Por vezes não no mesmo lugar, mas faz-se de novo.
   Há 50 anos, vivíamos numa ditadura. A liberdade era sonho, o sonho era tabu.
    Entre tantas, morreu uma pessoa que ergueu o punho, mostrou o peito e lutou. O povo soube, o povo olhou-o e o povo escondeu a cara enquanto o herói expunha a alma. Humberto Delgado morreu a 13 de fevereiro de 1965, dando a morte pelos seus ideais e pela pátria sã que acreditava possível. Deu a morte porque a vida ofereceu-a aos capitães de abril que, quase 10 anos depois, cumpriram a sua vontade e a dos outros que não souberam gritá-la.
   Luaty Beirão, aos 26 dias de outubro de 2015, atravessa o seu 36° dia sem comer, desta vez por opção. Alimenta-se da esperança, alimenta-se da vontade que tem de ver os seus compatriotas erguerem-se perante a injustiça de serem calados.
E eu pergunto-me como é que nós, depois de 41 anos, 6 meses e 1 dia de democracia, conseguimos ficar parados. Qual a nossa desculpa? Qual o nosso direito? O nosso exercício de dever?
A história repete-se. Os erros são uma escolha. Quem os comete à imagem do passado é munido de uma falta de inteligência que o futuro não perdoa.
Façam mais porque podem. Assinem a petição porque devem. Ajudem a libertar Luaty porque  Humberto Delgado basta um.

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