domingo, 29 de setembro de 2013

Sempres

A nossa vida é medida por sempres.
Um sempre acontece quando uma pessoa que prometeu ficar connosco para a eternidade, se vai embora. Passou um sempre.
Por isso é que há pessoas tão novas em anos que parecem mais velhas, pois sim, são velhas em sempres, abandonadas e despedaçadas tantas vezes. E há, também, pessoas tão velhas em anos que parecem tão novas, porque as eternidades prometidas estão a ser cumpridas. E os sempres ficam e não passam, assim com a alegria da juventude.
Crescemos mais um bocadinho a cada sempre. Vivemos um bocadinho durante cada eternidade, choramos mais um bocadinho ao vê-la desfeita, sorrimos mais um bocadinho no raro momento em que ela volta, às vezes, para partir de novo.
Não abrimos champagne à hora da despedida, apenas ligamos a chorar a um amigo cuja eternidade ainda lhe cobre o ombro onde pousamos a cabeça. Não cantamos os parabéns, nem desejamos "muitos sempres de vida", porque a eternidade quer-se seguida, quer-se só uma.
Mas às vezes rimo-nos com um ou outro sempre, "Que ridículo, o cabrão disse-me que íamos juntos para o lar da terceira idade... nem à primeira chegou... fraquinho.", mas o coração bate mais vazio no fundo do nosso peito.
Um sempre mata mais um bocadinho. Uma ruga no rosto, uma lágrima no colo. Um sempre dói. Um sempre ensina, para mais tarde amar outra vez e, muitas vezes, cometer o mesmo erro.
Um sempre é assim, leva promessas, mas deixa a mágoa. Para sempre.

Poucos sempres para vocês.

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